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24 de abril de 2010

Alice No País Das Maravilhas (2010)

Um filme de Tim Burton com Johnny Depp, Anne Hathaway, Helena Bonham Carter e Mia Wasikowska.

Antes de tudo, queria falar que milhões de pôsteres na internet tem como capa Johnny Depp. Por isso eu peguei esse, porque Johnny Depp não aparece. Johnny Depp é um dos atores mais supervalorizados que existe. E Tim Burton se aproveitou disso bastante para criar um filme supervalorizado. Ele usou o mesmo Johnny Depp de Piratas do Caribe para criar um chapeleiro maluco, então o filme pode ser um reflexo do personagem dele como Jack Sparrow. Tim Burton é o diretor da magia, e eu espero que quem leia isso já tenha visto o corretamente-supervalorizado Estranho Mundo de Jack antes de ver o supervalorizado Alice.
Alice (Mia Wasikowska) é uma menina de 17 anos que está prestes a receber um pedido de casamento. Quando ela se vê pressionada a aceitar, ela vê um coelho branco e o segue, caindo num buraco e voltando para um mundo que ela já visitara na infância, chamado de País das Maravilhas. Lá ela descobre que todos estão com problemas com a Rainha de Copas (Helena Bonham Carter) e precisam dela para destronar a déspota.
A atuação é algo que eu esperava bem mais. Eu nunca ouvi falar de Mia Wasikowska, então ela está perdoada por ter feito uma Alice tão boba e sem expressão. Agora Anne Hathaway, que sempre me surpreende com boa atuação, e Johnny Depp, que cria personagens marcantes para o cinema, eles não tem desculpa. Anne Hathaway parecia uma boba no filme inteiro, creio que isso pela influência da Disney, a fazendo andar como todas as princesas que as crianças de 8 anos admiram, assim como aqueles bobos da corte que nos surpreendem com piadas e risinhos idiotas e nos fazem querer vomitar. Fico feliz que Johnny Depp tenha interpretado esse papel tão bem. Ironia. Amém que uma alma salvou o filme, a alma de Helena Bonham Carter. Eu conseguia dar um riso verdadeiro e não forçado quando ela entrava em cena, e seu jargão de CORTEM AS CABEÇAS ficou incrível.
Como é um filme de Tim Burton, não me sinto com uma grande obrigação para falar de efeitos especiais. O nome diz por si próprio. Se eu pudesse classificá-los numa escala de 0 a 10, chegaria a 12 e uns quebrados. A maquiagem ficou impecabilíssima, como diria José Dias. Helena Bonham Carter fez uma rainha cabeçuda tão bem, e Johnny Depp ficou tão irreconhecível debaixo do pó branco e do cabelo vermelho que tenho de dar esse crédito a eles. O cenário ficou grandioso, maravilhoso. O figurino também não peca.
Alice em seu original é um filme feito para crianças se divertirem vendo as aventuras no país das maravilhas. Agora na versão com atores, eu esperava que ele chegasse a um patamar como o de Piratas do Caribe, onde qualquer pessoa se encanta. Mas foi um filme supervalorizado por todas as faixas etárias que buscou agradar somente a crianças. Se ele supera Avatar nas vendas? Duvido muitíssimo, a não ser que as crianças ficaram tão encantadas com a fala mansa de Anne Hathaway e o risinho de Johnny Depp combinados com efeitos 3D que façam os pais irem ao cinema mais 3 vezes.
NOTA: 6

Shakespeare Apaixonado (1998)

Um filme de John Madden com Gwyneth Paltrow, Judi Dench, Joseph Fiennes e Ben Affleck.

Certa parte do filme, Judi Dench faz uma pergunta: "Será que existe alguma peça que consiga mostrar o amor verdadeiro?". Gwyneth Paltrow diz que sim, mas eu duvido muito. Embora todos tenham se emocionado no fim, com a grande atuação de Romeu e Julieta, embora todas aquelas falas de amor sejam bem românticas, embora eu visse um olhar apaixonado nos olhos de Gwyneth Paltrow e Joseph Fiennes, acho que nenhum filme consiga mostrar o amor verdadeiro, nem que seja o mais romântico de todos.
William Shakespeare (Joseph Fiennes), um jovem ator inglês está sem inspiração para sua peça, "Romeu E Ethel, A Filha Do Pirata". Além disso, ele acha que perdeu o amor, e todas as mulheres que se envolvem com ele não lhe trazem o que ele procura. Até que nas audições para sua peça, ele conhece Viola De Lesseps (Gwyneth Paltrow), que está disfarçada de homem para poder entrar na peça, já que na época do teatro Elizabetano mulheres não participavam. Quando ele descobre que atrás do homem há uma mulher, seu amor chega a enfrentar Lord Wessex (Colin Firth) e a rainha Elizabeth I (Judi Dench).
A atuação de Judi Dench está impecável, é apelido dizer que ela roubou a cena. Embora ela tenha aparecido durante apenas 6 minutos no filme inteiro, ela merece ser ovacionada de pé por sua atuação. Gwyneth Paltrow me convenceu também. Joseph Fiennes me convenceu durante algumas partes do filme que estava a procura de seu amor e estava acabado amorosamente como muitos poetas românticos. Mas ele caiu na síndrome do protagonista, que ataca muito os filmes de comédia romântica ou drama: ela acabou com todas as minhas expectativas sobre Sherlock Holmes, é bem perigosa. O roteiro é bem bonito, bem romântico mesmo. Os diálogos de Shakespeare para Viola são lindos, nada que eu não pudesse esperar de um dos maiores autores que já viveu.
Gostaria de ressaltar aqui a realidade mostrada nas cenas. Bem, eu não estava na Inglaterra durante o teatro Elizabetano. Mas pelo que me descreveram da época, todo o filme está certo, exceto pelo final, onde todos entram em euforia pela peça, a rainha sai em público, os padres aplaudem e choram durante uma peça que eles abominam. Bem, mas enquanto mostrava as unhas sujas de Shakespeare e pessoas jogando os excrementos pela janela, eu me convenci de que eles estavam na Inglaterra do século XVII. A maquiagem e o figurino ficaram ótimos, todos seguindo os costumes da época e conseguiram me convencer durante boa parte que Viola era um homem. A fotografia não me surpreendeu, nada para ressalvar nela.
Shakespeare Apaixonado merece mesmo os prêmios que ganhou, é um bom filme, não chega a ser maçante e cada momento dele é uma surpresa. Mas não cumpriu o que prometeu, que era mostrar o amor durante um filme. Mas assistí-lo já vale por ver o excelente cenário e, como eu disse em Chocolate, uma salva de palmas para Judi Dench.
NOTA: 7

21 de abril de 2010

Dançando No Escuro (2000)

Um filme de Lars Von Trier com Björk e Catherine Deneuve.

Semana Lars Von Trier, rs. Acho que depois do fracasso que foi Anticristo para mim, eu queria mostrar que Lars Von Trier não faz apenas filmes merdinhas, então eu peguei alguns dos melhores dele. Acho que Dançando No Escuro salva sua imagem depois de Anticristo, e é o filme certo para se começar a gostar de Von Trier, que tem um modo de filmagem brilhante e casual, além daqueles cortes durante o filme de uma cena para outra, características certeiras do seu Dogma 95.
Selma (Björk) é um tcheca apaixonada por musicais com problemas de vista genéticos. Quando ela tem um filho e sabe que ele terá os mesmos problemas que ela, ela decide tratá-lo numa clínica dos Estados Unidos. Quando ela se muda pra lá, ela arruma um emprego, onde trabalha por dois turnos para poder pagar a cirurgia de seu filho. Seus vizinhos, sua colega de trabalho Kathy (Catherine Deneuve) e seu quase-namorado Jeff (Pater Stormare) a ajudam, mas quando seu vizinho Bill (David Morse) rouba o dinheiro que ela economiza, isso causa uma reviravolta na vida de Selma.
A história é bem bonita no papel. Quase me faz chorar lendo-a. Mas quando se passa para um filme, e esse filme é um musical, é meio que impossível chorar. Tente chorar com Björk cantando com obreiros no meio de uma cena admitindo que está cega. Ou se emocionar durante um assassinato quando o morto ressucita e ele e Björk começam a dançar. Eu queria falar da cena final, mas eu ia estragar o filme, e eu não quero isso, mas foi um dos finais mais bonitos que eu já vi. Foi onde eu quase me emocionei, se não fosse as canções excêntricas de Selma.
A atuação fica ótima na parte da protagonista. Eu vejo milhões de pessoas dizendo que não esperavam que Björk atuasse tão bem assim, e mimimi. Bem, no começo a atuação da excêntrica cantora está mais para uma autista do que de uma cega. E é assim que ela deve parecer para conseguir descarregar toda a emoção no fim. A atuação de Björk cria um envolvimento necessário com o espectador. O modo que Lars Von Trier filma é único, o filme é bom para se observar isso. A trilha sonora, composta por Björk, é belíssima. Embora as letras não sejam o mais poético que eu posso imaginar, podem ser comparadas as letras excêntricas da islandesa. A fotografia é belíssima, o figurino também.
Embora uma excelente cantora e um nomeadíssimo diretor tenham se juntado para fazer um drama, o filme virou um musical. Algumas cenas são bem forçadas, e juntos a fraquíssima atuação do filme, se tornam bem maçantes e amadoras. E como é feito por dois ícones da cultura alternativa, virou um filme supervalorizado, assim como Volver. Belo filme, mas não merece todo esse crédito.
NOTA: 7

Manderlay (2005)

Um filme de Lars Von Trier com Bryce Dallas Howard e Willem Dafoe.

Ouvi dizer que seria uma trilogia. Se o terceiro ficar for tão brilhante quando Dogville e Manderlay, aí eu posso acreditar que Lars Von Trier voltou realmente. Manderlay é um bom filmes, só que com muitos aspectos Dogvilleanos. Metade de mim diz que realmente era pra ficar assim, pois é a continuação, então nada melhor do que aquelas escritas no chão e tudo ser filmado em um galpão. A outra metade diz que se fosse pra ser uma boa continuação, a principal deveria continuar com Nicole Kidman.
Após Grace (Bryce Dallas Howard) e seu pai (Willem Dafoe) saírem de Dogville, eles descobrem que um grupo tinha tomado o poder deles. Então, procurando outro lugar, eles param em Manderlay, onde Grace descobre que um sistema escravista ainda funciona. Então, ela entra e muda toda a estrutura da cidade, mas ela não sabe que os laços entre senhor e escravo são bem mais fortes do que qualquer liberdade que ela possa fornecer.
A atuação continua tão boa que acho que a mudança de papel nem foi um fator tão determinante para o filme. Willem Dafoe é um ótimo ator, embora não tenha aparecido muito no filme. Bryce Dallas Howard, uma atriz que eu nunca tinha visto, foi a alegria do meu dia, pois sua atuação continuou fazendo de Grace uma de minahs personagens favoritas da ficção. A história é muito bem bolada, assim como em Dogville, só que dessa vez Lars Von Trier deixa sua mensagem sobre a escravidão e o racismo, embora ele continua com seu estudo sobre os instintos humanos, fator que podemos observar quando Grace lê sobre a classificação dos escravos. O racismo entre a própria raça, o uso de uma democracia constantemente, as coisas que você vê porque você quer ver, o filme é um espelho disso e de muitas outras coisas.
O modo de filmagem de Lars Von Trier é único. Os cortes que acontecem durante as cenas, o filme todo filmado em uma galpão, com uma câmera de mão, pouco cenário e indicações no chão. A fotografia não é tão bela quanto o primeiro filme, mas chega a ser ótima em algumas partes. A iluminação continua grandiosa, assim como os figurinos da década de 30 num Estados Unidos caótico e racista. Os diálogos continuam muito bons.
Manderlay é um ótimo filme, talvez tão bom quanto Dogville. Agora alguns fatores me deixam em dúvida, e entre eles o que grita mais alto é a exploração sexual. Em Dogville, Lars Von Trier soube fazer uma Grace que satisfazia uma cidade inteira sem mostrar nudez alguma. Esse filme, como apenas uma cena de sexo, fez um nu inteiro. Além do que, eu achei a identidade de Grace de Manderlay não muito parecida com a Grace de Dogville, isso levando aos aspectos dela ter matado uma cidade inteira.
NOTA: 9

18 de abril de 2010

Dogville (2003)

Um filme de Lars Von Trier com Nicole Kidman e Paul Bettany.

OK, se vocês leram o que eu escrevi sobre Anticristo, espero que saibam quem Lars Von Trier não cria filmes assim, pelo menos para mim. Ele cria filmes ótimos, que trazem uma mensagem e vira um diretor supervalorizado. E isso é o que acontece com Dogville, eleito um dos melhores filmes da década passada. Muitos pensam que Dogville deve ter tido um grande orçamento para conseguir esse feito, e é muito pelo contrário. Dogville foi filmado em um grande galpão, ele não muda de cenário nenhuma vez, os efeitos, se comparados aos hollywoodianos, são bem precários e tudo foi filmado a mão, com um efeito à la Bruxa de Blair. Muitos depois disso pensam que o filme foi supervalorizado. Errados de novo. Embora muitos filmes hoje em dia tentam trazer a tona essa temática da natureza humana (assim como foi o fracassado Anticristo), Dogville é o que melhor representa.
Grace (Nicole Kidman), uma mulher fugitiva chega a uma cidade com poucos habitantes, chamada Dogville. Lá ela conhece o porta-voz da cidade, Thomas Edison Jr. (Paul Bettany), que a ajuda a escapar dos gângsters. A cidade, meio receosa de deixá-la ficar, decide colocá-la em um período de testes durante duas semanas para decidir se ela fica ou vai. Quando Grace é aprovada, ela começa a descobrir a verdadeira face de Dogville.
A história é do caralho para se analisar em um sala sobre filosofia ou em uma aula de direito. O filme se trata principalmente da natureza do ser humano, assim como Anticristo, que trabalhou de um modo mais explícito, e Ensaio Sobre A Cegueira, que trabalhou sobre a influência do caos. Dogville trabalha com a desconfiança e o medo. Sobre isso, todos na cidade revelam seus instintos para a desconhecida suspeita, nem que isso a aflinja. E Grace ao invés de revidá-los com a própria moeda e liberando suas vontades primeiramente, vai e renega sua natureza tentando dar sem receber nada em troca. A atuação de Nicole Kidman é ótima, assim como a de todos os moradores na cidade. Nenhuma se sobressaiu em especial, por isso eu cito Nicole Kidman.
A troca de cenário não é um fator determinante para um filme. Mesmo assim, filmes que trocam de cenário esplendorosamente não chegam a ser melhor que esse, onde a mente trabalha mais do que os olhos e os ouvidos. Dogville trabalha bastante com a teatralização do cenário, o cada um em seu quadrado e a mímica para abrir e fechar portas toda a hora, além do respeito ao espaço. Isso é bastante determinante pois os atores ainda tiveram que conviver com isso, o que chamou mais ainda minha atenção. A fotografia chega a ser bem boa em alguns momentos do filme, mas não durante ele todo. O figurino está excelente em todas as suas formas. Os diálogos chegam a ser ótimos no fim do filme, quando surge a grande discussão sobre os cachorros.
Dogville é bem supervalorizado. E ele merece muito ser. Lars Von Trier é supervalorizado. E também merece. Mas não por seu filme mais recente, e sim por produzir uma obra de arte com um ar de precário mas com a perfeição beirando a cada momento. Grande filme, eu não estava com dúvida que nota ia dar para ele. Mas quando Nicole Kidman mostrou os seus dentes para Dogville, aí eu não tive dúvidas.
NOTA: 10

17 de abril de 2010

Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças (2004)

Um filme de Michel Gondry com Jim Carrey, Kate Winslet e Kirsten Dunst.

OK, acho que eu comecei a ver esperanças em tudo depois desse filme. Primeiramente, pela mensagem que ele passa. Na verdade, mensagens, pois eu vi várias. Depois, porque depois de 5 anos seguidos de besteirois como Sim Senhor, Todo Poderoso, Ace Ventura, Máskara, Eu, Eu Mesmo e Irene, As Loucuras de Dick e Jane e muitos outros, eu achava que Jim Carrey nunca fosse fazer um filme bom. Até em personagens que eu imaginava um desprezo total e falta de emoções, como o Grinch e Conde Olaf em Desventuras Em Série, Jim Carrey conseguiu acrescentar comédia. Como eu falei, Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças me trouxe muitas esperanças.
Joel Barish (Jim Carrey) é um homem que termina com sua namorada Clementine Kruczynski (Kate Winslet) após dois anos incansáveis de namoro. Mas o fundo do poço é quando ele descobre que ela fez um tratamento para apagá-lo de todas as suas memórias e poder viver sem aquela decepção. Após entrar em um estado de profundo desgosto, ele decide se submeter ao mesmo tratamento. Mas, enquanto suas memórias são apagadas, ele descobre o quanto ainda a ama e decide escondê-la em momentos que ela não presenciou.
A atuação de Jim Carrey me surpreendeu. Como nos primeiros momentos do filme a atuação dele se mostrou diferente dos filmes onde as piadas saem de sua boca de 5 em 5 minutos, eu praticamente só prestei atenção nele depois disso. Mas posso assegurar que Kate Winslet ficou ótima para uma menina impulsiva, qualquer outro personagem não teria se encaixado ali. Kirsten Dunst se mostrou uma bela atriz no papel de Mary. A história é linda, muitíssimo bem bolada. O apagar a mente é a tentativa frustrada que todos tem após o fim de relacionamentos, principalmente quando as pessoas acham que encontraram o amor e não conseguem sair da fase de ilusão. Mas sempre pode-se apagar a mente, não se pode é o coração. A prova disso é Winslet reagindo a todas as frases que Carrey usou, porém proferidas da boca de Elijah Wood.
A fotografia é belíssima, no começo do filme com Carrey acordando, desde então ele fica ótima. A mudança de cenário é algo que merece ser mostrado nesse filme, pois ficou excelente, eles saindo de uma biblioteca para uma casa na mesma porta, ou se virando e mostrando que não estão em um consultório, e sim em uma rua. A direção ficou excelente, assim como figurino e a maquiagem. Os personagens foram muitíssimos bem trabalhados, principalmente a Kate Winslet que muda o cabelo de cor a cada momento.
Gostaria de acabar assim como Kirsten Dunst e suas citações."Abençoados os que esquecem, pois aproveitam melhor seus equívocos". "Feliz é a inocente vestal! Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida. Brilho eterno de uma mente sem lembranças, toda prece é ouvida, toda graça se alcança". Grande filme.
NOTA: 10

15 de abril de 2010

Anticristo (2009)

Um filme de Lars Von Trier com Charlotte Gainsbourg e Willem Dafoe.

Um filme peca demais quando fica fodido durante a maior parte. O prólogo teve apenas uma ótima fotografia, pois não são cenas de penetração que fizeram de Lars Von Trier um bom diretor. Os outros quatro capítulos são maçantes, confusos e todos com aquele ar de "mãe, quero ser cult". O epílogo foi o que salvou, se é que se podia salvar algo. Além da fotografia voltar a excelência do prólogo, conseguiu desconfundir um pouco a história surreal e desnecessária de Anticristo
Uma escritora (Charlotte Gainsbourg), sem nenhuma criatividade para sua tese sobre o feminismo, perde seu único filho e entra em um estado de choque e em luto profundo. Seu marido (Willem Dafoe), um psicanalista que tenta ser superior a tudo e a todos, resolve cuidar dela tentando fazê-la enfrentar seu maior medo para se esquecer de seu luto. Então ele a leva para uma cabana isolada da sociedade na floresta Éden, onde coisas começam a acontecer e revelar mistérios de muito tempo. 
Achei o filme um abacaxi. Se você viu Anticristo e acha que Lars Von Trier não merece ter crédito algum após produzir um filme que parece mais um pornô que um thriller, acalme-se e vá ver Dogville ou Dançando No Escuro, que salvam sua reputação de diretor. Não sei o que deu nele para produzir um filme assim. A história é aparenta ser bem bolada nos primeiros 10 minutos, mas depois cai vertiginosamente. Sobe um pouco no fim, mas esse pouco é bem pouco mesmo, tanto que continua no caminho negativo. Tudo é bem confuso no filme, isso ainda considerando que animais com filhotes no cu surgem do nada e que Charlotte Gainsbourg é uma pessoa mais do que bipolar. 
A fotografia é o que acende um fósforo na escuridão que esse filme entrou. Ficou nada menos do que excelente, uma das melhores fotografias que eu já vi. A atuação não chegou a me convencer, mas eu não quero falar muito dela pois vi o filme dublado (aí vai uma dica: não vejam). Então eu não consegui entender a expressão deles ou algum sentimento pelas vozes, ainda mais que Willem Dafoe tinha uma voz de drogado e Charlotte Gainsbourg não tinha emoção nenhuma. Mas, em tudo, a atuação dela foi a melhor, pelo menos durante o começo do filme. Durante o clímax, a atuação caiu. E não voltou a subir. Eu gostei bastante do fim, acho que porque estava acabando, ou porque eu gostei mesmo e achei algo digno de Von Trier. 
Espero que da próxima vez Lars Von Trier produza um filme que faça bastante sucesso sem precisar se submeter ao sexo para melhorar a mente, espero que Willem Dafoe faça algum outro filme e que tenha bastante sucesso e não seja dublado por alguém que parece o narrador do Oscar e que Charlotte Gainsbourg possa fazer um outro filme que lhe renda bastante sucesso. Ou fazer um CD tão bom quanto o seu novo IRM. Ou os dois. Mas que ninguém cometa o pecado de fazer algo como Anticristo de novo, que fez três almas brilhantes explodirem na frente de meus olhos. 
NOTA: 2

11 de abril de 2010

Como Treinar O Seu Dragão (2010)

Um filme de Chris Sanders e Dean DeBlois.

DreamWorks faz parte da tríade de animação de hoje em dia, junto com a Disney e a Pixar. Embora a Disney agora invista em seus filmes com atores, como acontece em Piratas Do Caribe e no tão aguardado Alice No País Das Maravilhas, além do que sua animação era boa no século passado, pois com as animações sem delineação da Pixar e da DreamWorks, elas superam a Disney facilmente. Ou seja, os três viraram dois, que continuam fazendo seu trabalho muitíssimo bem, pois não acho uma concorrência imensa em filmes animados, afinal empresas independentes usam seu dinheiro em filmes independentes, que no geral não é verba o suficiente para uma animação decente.
O filme conta a história de Soluço, um menino filho de vikings treinados para caçar dragões. O garoto cresce querendo combatê-los até o dia em que ele realmente derruba um dragão durante uma batalha. Mas quando chega a hora de matá-lo, ele vê que os dragões não são os monstros sanguinários que a tribo dele sempre ensinou, e descobre que tudo que ele sabe sobre os dragões está errado.
A história do filme segue aquele mesmo padrão estereotipado de uma história sobre valores morais, confiança, amizade, e como qualquer filme de animação voltado para crianças, ele não consegue ser dramático e puxar para o lado emocional o tempo inteiro, então ele solta uma piada bem clichê de 5 em 5 minutos, o que vai deixando o filme maçante. Mas esse filmes tem uma coisa que eu gostei bastante, que foi o fim, onde nem tudo foi perfeito. OK, todos acabaram felizes e os dragões começaram a conviver harmonicamente, e acho que dizendo isso eu não falo nenhum spoiler, pois esse filme é totalmente previsível. Mas houve aquela coisa de feridas no campo de batalha, o que eu achei ótimo para acabar um filme onde o público sempre esperava o melhor para todos.
Não há atuação no filme, a não ser que vocês queiram que eu critique bonecos feitos por computadores. Como eu vi uma versão dublada, não posso falar sobre a dublagem, igualmente. Bem, a dublagem de hoje em dia está melhor do que as dublagens de A Bela Adormecida ou Branca De Neve E Os Sete Anões. Hm, filme de animação chegam a ser bem difíceis para se elaborar uma crítica, pois fotografia e figurino são duas coisas que eu não posso falar. A trilha sonora chega a ser bem boa, eu juro que a música que tocou nos créditos foi do Jónsi, o vocalista do Sigur Rós, eu fiquei encantado no cinema. Outra coisa, eu vi a versão em 3D. Eu nunca acho nada de tão especial no filme para se fazer uma versão em 3D, assim como em Avatar, que só uma lança me surpreendeu no filme inteiro.
Como o filme seguiu o que queria, ou seja seguir uma lógica com piadinha infantis para animar a criançada e tentar ensainar valores e algo bem pequeno sobre preconceito e respeito, ele não merece todas as suas estrelas por seguir uma linha de algo que já ficou cansativo. Mas por ter uma trilha sonora magnífica e um fim bom, ele merece um pouco mais.
NOTA: 7

10 de abril de 2010

Chico Xavier (2010)

Um filme de Daniel Filho com Giovanna Antonelli, Tony Ramos e Christiane Torloni.

Muitos falam que a indústria de filmes do Brasil é um lixo. E eu até concordo com a maioria dessas pessoas. Agora, generalizar é um pecado. Sempre. Filmes como Grilo Feliz, Se Eu Fosse Você, Xuxa, Didi, A Mulher Invisível, em geral os filmes brasileiros que mais recebem propaganda são bem ruins, embora engraçados em algumas partes. Outros, como Divã, tem sua história bem ruim, mas a atuação salva. Agora para os filmes brasileiros incríveis. Acho que poucos filmes internacionais conseguem superar Cidade De Deus, que foi reconhecido pela IMDb o terceiro melhor filme da década. Além do que, Central do Brasil foi o filme que mais me fez chorar. Chico Xavier, embora não tão clássico como esses dois e mais alguns, é um bom filme, que prova que a indústria cinematográfica brasileira não é um lixo.
O filme conta a história do médium fundador do espiritismo no Brasil, Chico Xavier, que psicografou através de sua mediunidade com os espíritos dos que já foram e consolou milhões de pessoas desamparadas por perdas, pessoas essas que viraram alguns dos milhares de espíritas espalhados pelo mundo. Chico Xavier psicografou mais de 400 livros em toda a sua vida, e morreu no final de 2002. A história do filme se desenrola enquanto ele faz um programa de televisão, que ocorreu na vida real, e nessa entrevista esquetes da sua infância vão passando e explicando sua mediunidade.
O filme peca assim como muitos filmes brasileiros: enquanto eles se mergulham profundamente no drama, a comédia tenta fazer eles emergirem sem sucesso. OK, sei que a parte do avião realmente ocorreu, segundo o próprio Chico Xavier na entrevista verídica. Mas em muitas outras partes o filme pende para a comédia ao invés do drama. A atuação desse filme teve seus altos e baixos. Dos personagens de Chico Xavier, o único que me convenceu foi o garoto. De resto, devo parabenizar a ótima Letícia Sabatella, que embora com uma participação minúscula teve uma das melhores atuações do filme. Também entram na lista o grande Tony Ramos e a magnífica Christiane Torloni, atores que já tem bastante experiência, o que não fez uma grande surpresa.
A história é verídica, porém acho que puxaram muito para a crença espírita. Eu não sou espírita, mas é a religião com que eu mais simpatizo. Mas Chico Xavier puxa demais para o lado da religião, dos espíritos andaram, escreverem e falarem com médiuns. Toda vez que o médium era acusado de farsa, um espírito vinha e o ajudava. OK, e se os espíritos não existirem e Chico Xavier for um grande charlatão? O filme só deixa uma alternativa, quem não cair nela que pode pensar nessa outra. A fotografia foi excelente, nunca vi um filme brasileiro com uma fotografia tão bonita. Minto, já vi. Mas fica entre o top 10. O figurino também, ótimo. Desde as anáguas de Letícia Sabatella até a peruca de Nelson Xavier. Os diálogos são, igual ao filme, bem puxados para o lado da religião.
Tudo pode estragar um filme. Seja a comédia puxada de um filme dramático, seja a religião puxada de um filme de reflexão, seja o filme cuspir algo na cara do espectador e não dar nada mais para ele acreditar. Chico Xavier foi um dos maiores brasileiros de todos os tempos, e merece ser ovacionado de pé. Pena que seu filme não honre sua memória com a mesma glória que ele merece.
NOTA: 6

6 de abril de 2010

Batman: O Cavaleiro Das Trevas (2008)

Um filme de Christopher Nolan com Heath Ledger, Morgan Freeman, Maggie Gyllenhaal e Gary Oldman.

Se alguém me disser que 2008 teve um filme de ação tão boa quanto O Cavaleiro Das Trevas, eu vou duvidar até o fim da minha vida. E se alguém me disser que a década de 2000 teve um psicopata tão bom quanto o que Heath Ledger interpretou, a pessoa deveria rever os conceitos. O Cavaleiro Das Trevas também me fez crer na indústria cinematográfica hollywoodiana depois de muito tempo e eu aposto que supera qualquer outro filme do Batman. Além do mais, ele foi um sucesso de bilheteria. O Cavaleiro Das Trevas não é nada menos do que um clássico que merece seu lugar no topo.
Bruce Wayne (Christian Bale) tem de enfrentar todos os seus problemas na sombria Gotham City, problemas esses que envolvem seu relacionamento com a ex, Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal), a luta da polícia do comissário Gordon (Gary Oldman) contra a máfia, que decide investir todas as suas esperanças em Coringa (Heath Ledger), um assassino procurado pela polícia, e a única esperança de Gotham City se reerguer, o novo governador Harvey Dent (Aaron Eckhart), além de ainda ter que se preocupar com a sua identidade secreta: Batman, o homem-morcego, que vem sofrendo cada vez mais críticas pela população.
Eu nunca vi tantos atores tão bons em um filme tão bom quanto. Porque atores bons em filmes porcarias é o que não falta. Christian Bale me lembrou Kristen Stewart, uma atriz que eu admiro muito, em Crepúsculo: conseguiram fazer o filme sem demonstrar nenhuma emoção profundamente, e isso caiu como uma luva no personagem. Maggie Gyllenhaal me convenceu muito, e Aaron Eckhart atingiu o que eu não esperava de uma atuação. Mas Heath Ledger passou. Se alguém acha que o que ele fez em O Segredo De Brokeback Mountain foi ótimo, seu Coringa criou um novo patamar para a atuação. Nunca me senti tão encantado por um personagem como o Coringa, porque o que ele faz é tão real que me faz acreditar que apenas um homem vestido de palhaço começa a fazer todas aquelas explosões magníficas. Coringa não é nada menos do que o maior serial killer da década, eu quase digo de todos mas eu me lembrei da existência de Hannibal. Numa briga entre os dois, não sei quem ganharia. Bem, é uma pena para o cinema que Heath Ledger se foi e agora apenas Jake Gyllenhaal sabe o que aconteceu no topo de Brokeback Mountain.
A fotografia de todos os filmes hollywoodianos não me impressiona o bastante, pois sempre é perfeita. Eu gosto de comentar a fotografia em filmes independentes. O figurino ficou ótimo. E isso é bom para se comentar, aquela roupa cara do Batman até o "terno barato" do Coringa, tudo me convence. Os diálogos são ótimos, principalmente pela parte do Coringa. Todo filme de louco, o louco rouba a cena. Mas os diálogos ficaram realmente ótimos, tenho certeza que o "Why So Serious?" não vai sair da boca do povo por muito tempo. O roteiro ficou imprevisível, tudo originalíssimo, nunca se sabia o que ia acontecer na próxima, e as suposições sempre se mostravam erradas na face de uma surpresa. Ah, nunca vi efeitos tão bons na minha vida.
Eu não consigo imaginar uma nota tão boa para descrever a magia que foi Batman: O Cavaleiro Das Trevas. Heath Ledger por si próprio já merece nota 10, Batman merece ainda mais. O Cavaleiro Das Trevas virou um clássico do cinema e aposto que daqui a alguns anos seu nome estará tão lembrado quanto Titanic ou Casablanca hoje em dia.
NOTA: 10

4 de abril de 2010

Guardião de Memórias (2008)

Um filme de Mick Jackson com Emily Watson e Gretchen Mol.

Assim como Quase Deuses, um filme que trabalha em cima do preconceito. Ao contrário de Quase Deuses, o trabalho só aparece por algumas partes do filme e não muito bem trabalhadas. O problema de Guardião de Memórias é que é um filme que conseguiu o que queria pela metade. Enquanto ele queria emocionar e chocar com o preconceito, ele quebrou essa intenção no meio colocando a felicidade em todos os lares.
Uma mulher (Gretchen Mol), que está em casa no meio de uma nevasca, começa a sentir contrações. É o bebê que ela andou esperando há 9 meses. O marido, David Henry (Dermot Mulroney), que também é o doutor que fez o parto, viu que a mulher não esperava apenas um, mas dois filhos. E a filha nasce com Síndrome de Down. No que ele vê, ele se lembra de sua infância, e deduz que a filha não durará muito tempo. Então ele dá a pequena Phoebe (Krystal Hope Nausbaum) para a enfermeira Caroline Gill (Emily Watson) e pede para deixá-la num abrigo para pessoas com Down. A enfermeira, que não consegue largar a garota lá, a leva para casa e a cria. Desde então David tem de conviver com a família que vem apresentando vários problemas e vem virando um inferno de pouco em pouco, enquanto Phoebe cresce feliz e saudável - porém cheia de preconceitos.
A atuação é cheia de altos e baixos. Mas nenhuma atuação excedeu a linha do ótimo, todas ficaram bastante medianas nos melhores momentos. Embora Emily Watson e Gretchen Mol tenham sido bem boas, a atuação caiu durante o filme. Mas as duas conseguiram a credibilidade de volta no fim. Krystal Hope Nausbaum fez um ótimo trabalho, assim como as outras duas, mas também não me convenceu o bastante em algumas partes. O figurino ficou normal, do modo que as pessoas se vestem no dia-a-dia. A maquiagem funcionou para Emily Watson, que no passar dos 25 anos eu realmente notei certo envelhecimento no modo de vestir, de andar e na aparência. Mas parece que Gretchen Mol e Dermot Mulroney não envelheceram.
A fotografia não me mostrou nada de mais, foi bem parada. Eu também não gostei muito do modo de retratar o filme, onde a cada 5 segundos alguém voltava no tempo e tudo ficava em preto e branco. O roteiro poderia ser mais trabalhado em cima do preconceito, que ficaria um filme ótimo. A parte que eu vi sobre preconceito não foi muito bem trabalhada, um juiz que deveria ser parcial e pacífico chamando pessoas com Down de mongolóides ou retardados. Eu não imagino como era o preconceito na década de 70 nos Estados Unidos, mas não acho que chegou a esse patamar.
Se o roteiro me surpreendesse mais, ao invés de mostrar uma história fraca e feliz, com atuações bem medianas e uma fotografia abaixo disso, talvez a nota do filme fosse até maior. Mas o Guardião de Memórias não é algo que vai ficar na minha memória.
NOTA: 4

3 de abril de 2010

Lolita (1962)

Um filme de Stanley Kubrick com James Mason, Shelley Winters e Sue Lyon.

Esse é outro exemplo de filmes como Volver, onde o diretor leva o crédito por tudo e as críticas chovem favoravelmente apenas por ser um filme de Stanley Kubrick. Mas eu já vi filmes bem melhores do que Lolita e, embora Kubrick seja um dos diretores que eu mais admiro, não foi mesmo o melhor filme dele. Se esse filme foi o primeiro que você viu de Stanley Kubrick, não se desaponte. Sugiro alugar O Iluminado, Laranja Mecânica ou 2001: Uma Odisséia No Espaço, os famosos onde ninguém se decepciona.
O filme trata de um professor de literatura europeia que vai aos Estados Unidos lecionar. Porém, como ele não conhece ninguém no país, ele decide pagar o aluguel de uma casa e se hospeda lá. A dona da casa, Charlotte Haze (Shelley Winters), fica apaixonada por ele na mesma hora que o vê, mas a paixão não é recíproca a partir do momento em que o professor vê a filha de Charlotte, Dolores Haze, ou Lolita (Sue Lyon). Desde então, o professor fica completamente apaixonado pela menina de aproximadamente 14 anos que chega a casar com a mãe da garota para ter um tempo a mais com ela. Mas desde que a paixão se torna uma obsessão, ela começa a ficar perigosa.
A atuação é muito boa, considerando a atuação da época em que o filme foi lançado. Pena que nem todos os atores conseguiam fazer uma cena de choro muito bem. Quando Sue Lyon chora pela morte da mãe, ele me convenceu a partir do momento em que sua face apareceu na câmera, antes disso os gemidos que ela emitia sugeriam um parto. Eu gostei bastante da atuação de Peter Sellers, ele fez um perfeito louco. A fala rápida que ele deu para característica da personagem ficou ótima, e a atuação dele no começo do filme, falando respostas diferentes das perguntas e com sua fala rápida, me deu bastante agonia. A direção, bem, é de Stanley Kubrick. Então não preciso dizer muita coisa, pois embora Lolita seja um trabalho ruim para seu patamar, continua sendo melhor do que muitos filmes de hoje em dia.
A fotografia começou boa, depois regrediu, mas voltou à beleza de antes. Toda vez que Sue Lyon entrava em cena, a fotografia ficava perfeita, acho que deve ter sido algo proposital pelos efeitos que o filme quer passar. Mas quando os Sue Lyone e James Mason estão no primeiro hotel e ela deita com os pés para cima na cama de casal, a fotografia dessa parte ficou perfeita. O roteiro é totalmente baseado em um livro, mas vamos ver o que eu entendi. Lolita é um filme cuja palavra que o define é sensualidade. Toda vez que Lolita não estava na cena era algo morto, mas quando ela entrava tudo mudava. O balanço dela, a forma de andar, todos os movimentos eram captados para ela, para a sensualidade roubar a cena. Quando Peter Sellers se fingiu de psicólogo e começou a falar da garota na escola, é o tipo de garota que todos imaginam como uma perfeita puta: uma garota reprimida sexualmente em casa que libera todo o seu libido na rua. Mascando chiclete, gemendo em aulas, falando manso, tudo isso gerando a sensualidade da menina. Outra coisa bem trabalhada foi a mente humana, coisa que Stanley Kubrick sabe trabalhar muitíssimo bem. O padrasto que reprimia a garota e queria mantê-la longe do mundo para ficar apenas com ela e ela com ele, o típico caso de amor doentio, ciumento e egoísta. O figurino e a maquiagem também foram muitíssimos bem trabalhados, coisas que devem ser levadas em conta nesses filmes de época.
Lolita é uma história que conseguiu revolucionar a época, principalmente porque esse foi o começo de um grande clichê que nos segue até hoje: As meninas cujos movimentos só mostram o sex appeal contido nelas.
NOTA: 8

2 de abril de 2010

Paris, Te Amo (2006)


Um filme de Bruno Podalydès, Gurinder Chadha, Paul Mayeda Berges, Gus Van Saint, os irmãos Coen, Daniela Thomas, Walter Salles, Christopher Doyle, Isabel Coixet, Nobuhiro Suwa, Sylvain Chomet, Alfonso Cuarón, Olivier Assayas, Oliver Schmitz, Richard LaGravenese, Vincenzo Natali, Wes Craven, Tom Tykwer, Gérard Depardieu e Alexander Payne, com Juliette Binoche, Natalie Portman, Elijah Wood e Maggie Gyllenhaal.

Paris, Te Amo é um filme sobre amor. E embora na maioria das cenas que estão contidas nele, o amor não se apresente de forma explícita, mas de uma forma tão doce e suave que você não tem dúvida que é sobre amor. E o amor no filme se apresenta de diversas formas em diversos lugares por diversas coisas. Pela adoração a um desconhecido à saudade de um ente perdido, por pessoas que se reapaixonam ou tentam se reapaixonar, por um membro da família ou até mesmo pelo sonho que começa a se realizar. E enquanto isso todos vivem o seu grande amor por Paris.
O filme fala sobre 18 histórias diversas que ocorrem em Paris, vividas por parisienses verdadeiros ou turistas na sua maioria, histórias que todos sabem que ocorrem todo dia, mas ninguém dá a mínima.
A pena desse belíssimo filme é que são muitos atores e muitos diretores, então alguns chegam a ser bons e ser maus, o que destoa boa parte do filme. Tenho de parabenizar os curtas de Gus Van Sant, dos Irmãos Coen, o de Walter Salles com Daniela Thomas, Isabel Coixet, Oliver Schmitz, Wes Craven e Tom Tykwer, esses curtas realmente ficaram lindos. A história de todos foram bem trabalhadas, e eu me emocionei facilmente com algumas cenas e morais que passaram. A atuação segue igual a da direção. Enquanto alguns atores foram excelentes, outros fizeram o contraste negativo.
A maquiagem ficou excelente no filme, nada mesmo a reclamar. Embora os diretores fossem todos diferentes, a fotografia de todos ficou belíssima, não sei qual ficou melhor. Se fosse pra chutar, acho que eu chutaria a história de Christopher Doyle, que para mim também foi a pior história do filme inteiro. Algo tem que contrastar com essa história ruim. O figurino ficou excelente em todos, exatamente o que qualquer um veria em Paris normalmente se andasse por lá agora. Os diálogos do filme também são algo ótimo para se retratar. "E de tanto se fingir um apaixonou, se apaixonou novamente", essa frase pra mim foi o ápice do filme. Realmente muito bom. Além do casal de turistas que citavam Oscar Wilde.
Paris, Te Amo é um grande filme de altos e baixos, agradeço aos céus pelos altos compensarem os baixos. Porém, embora as histórias tenham sua própria beleza, muitas se contrastam. Não é muito bom começar a se emocionar sobre um casal brigando para manter sua relação estável e logo em seguida dois vampiros começaram a contracenar. Pelo menos todos saem do filme sentindo duas coisas: o amor que emanava da cada personagem daquele filme, e uma vontade infinita de ir a Paris, para poder compartilhar essa paixão tão falada.
NOTA: 8